quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Site Institucional e o Portal do Inferno

* Artigo originalmente publicado no @blogdonoblat em: http://bit.ly/hpzKNz

O site institucional agoniza e o Portal do Inferno é mais atraente.

O título é uma provocação. Mas penso que traz uma reflexão necessária para empresas e para o mercado de comunicação digital dentro de uma visão ampla de relacionamento entre marcas e consumidores. Quem está agonizando é o site como conhecemos nesta última década. A adoção massiva dos brasileiros às plataformas de colaboração exige sua mudança de foco, pois ele perdeu o protagonismo para as redes sociais.

A maioria das empresas no Brasil ainda centraliza seus conteúdos nos seus portais e fazem tentativas de conversar com seus públicos apenas no chamado ambiente “institucional”. Algumas procuram dar a estes um formato de rede social, reproduzindo, com assinatura corporativa, o modelo gratuito das plataformas de colaboração como Orkut, Facebook e Twitter. Acho a iniciativa válida. Mas a velocidade das mudanças nos condicionam a olhar incessantemente para os lados. Uma rede social é um bom modelo dentro do ambiente corporativo, mas não tem e nunca terá todas as características das redes externas. Ela tem limite de atração. Para o consumidor, mal comparando, é como ir à festa de final de ano com seu marido ou mulher. Você nunca vai ser expressar da mesma maneira.

Os ambientes institucionais e corporativos devem avalizar os posicionamentos da empresa. São “assinados” por ela e carregam, dessa forma, credibilidade (um bem que a gente necessita sempre mais e mais na web). É sua função alavancar seus conteúdos e que assumir o papel de distribuidores de matéria-prima para o posicionamento da marca nas redes sociais.

O que é cada dia mais claro é que, se antes as empresas trabalhavam arduamente para trazer seus clientes para o site, agora passam a ir atrás deles no Facebook, no Orkut e no Twitter. Trocaram o “venha” pelo “eu vou”; o “eu falo” pelo “eu ouço”; o “venha me conhecer” pelo “eu quero te entender”.

A principal virada não está do lado dos consumidores. Sabemos que os brasileiros são rápidos adotantes de tecnologia e tendências. A quebra de paradigma vem mesmo do lado das empresas. Elas nem bem se acostumaram que precisam responder a tempo e com profissionais aos “Fale Conosco” e manter seus sites atualizados e já precisam entender o seu consumidor no ambiente incontrolável das redes sociais. E sem o protagonismo anterior.

É um desafio e tanto. Gosto de fazer analogia com a descrição de outro portal: o do Inferno de Dante. No clássico Divina Comédia, ao se chegar ali se lê algo como: vós, que aqui entrais, deixais toda a esperança. Então é hora e tempo de empresas, com toda a licença poética merecida à Alighieri, rever essa frase, deixando de olhar as redes sociais como um ambiente apenas de ameaça “infernal” e apostar em outra derivação: vós que aqui entrais, trazeis toda a esperança. Significa entender que o site institucional tem um lugar diferenciado, mas que o protagonismo de quem mantém uma empresa de pé – o cliente - não acontece mais nele (ou apenas nele) e sim, neste momento, nas redes sociais. É ir lá encarar os 40o graus e conversar olho no olho que é como as pessoas gostam de ser tratadas por suas marcas favoritas.