(*) Coluna originalmente publicada no Blog do Noblat (http://bit.ly/eLaHTN) em 20.11.2010
As reclamações são freqüentes: a internet e as redes sociais estão acabando com a nossa privacidade.
O fato é que a cada dia temos mais recursos que, efetivamente, estão colocando o conceito de privacidade de pernas para o ar. Só para citar dois últimos: o Street View do Google e o próprio FourSquare. Esta, a rede de georreferenciamento via celular que, a partir de um clique (ou um “check in”), mostra todas as coordenadas de onde você está.
No entanto, o que parece que as pessoas não vêem é que privacidade em tempo de web tem muito menos a ver com as citadas redes sociais e aplicativos do que se imagina. O recurso mais inovador e determinante nesse tema continua a ser o humano.
As redes sociais nasceram com a “genética” da colaboração e da troca de idéias. De forma natural evoluíram para troca de informações sobre serviços e notícias.
Ao participar de uma rede você pode dizer absolutamente tudo sobre sua vida. Mas ter seus dados ali não está exatamente associado ao fato de você ter aberto um perfil em alguma delas. E aí a questão da privacidade fica mais complexa: ir para a rede pode não ser uma decisão sua.
Exemplo? Basta ter um filho Geração Z, ali pelos 12 anos, com perfil no Orkut e no Twitter e freqüentador de transmissões de vídeo ao vivo pelo web (as Twittcams). Com 3 posts ele pode deixar indexado no Google para milhões de pessoas o seu endereço, o menu do dia, a decoração da casa e, com o celular, indicar onde está comendo - talvez com você - um hamburger no shopping.
Isso pode significar muito para pessoas preocupadas com possíveis ladrões de informações em tempo real na internet e que estudam o comportamento das famílias para assaltar condomínios. E também é significativo para as marcas que querem entender e ouvir o que as pessoas comentam para criar relacionamentos mais relevantes com seus clientes.
Não consigo concordar com quem afirma que as redes sociais estão acabando com a privacidade. A privacidade é um conceito que se constrói em família, como se faz com a ética, honestidade e responsabilidade.
Os pilares de formação da Geração Z, que vai para as redes “contando” tudo sobre a sua vida – e por extensão, de toda a família – estão muito mais ligados a como ela participa da construção desses mesmos pilares dentro de casa. Incluindo discernir sobre como usar as redes sociais. É como estudar inglês ou ter disciplina para fazer o dever de casa.
Hoje é Twitter e Orkut e amanhã será qualquer outra rede com qualquer outro nome. Isso não fará diferença. O que não mudará é que temos um ambiente de colaboração gigantesco, generoso e, claro, também com caminhos ainda labirínticos. Algumas vezes não sabemos para onde nos levarão.
Mas, enquanto estivermos seguros da parte que nos toca, isso não é problema. É solução. Daí é melhor pensar em pessoas (e filhos, no exemplo citado) educadas nos princípios essenciais da vida. Antes de tudo, privacidade ainda é coisa da “rede social familiar”.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
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