Estive na sexta-feira, participando de um evento muito legal - o Circuito 4 x 1 (http://www.circuito4x1.com.br/ ) - a convite do @kakamachine e sua turma que tem agitado o mercado do Rio com eventos e debates sobre o ambiente digital. Minha missão profissional era falar um pouco da minha experiência em Gestão de Projetos em Mídias Sociais. A missão pessoal era encontrar pessoas e reciclar energias. E foi, como sempre tem sido comigo nessas situações, uma experiência de grande prazer. Pode ser com platéia de estudantes ou com os diretores de grandes empresas nos MBA's do Coppead/UFRJ. Em todas essas situações eu sou a maior beneficiada. Sem proselitismo: quando você interage em um ambiente em que as pessoas estão ávidas por conhecimento, você é naturalmente impregnado pelo mesmo desejo e assim se alavanca, no meio do caos da agenda profissional do dia-a-dia, para um lugar mais criativo onde prevalece o desejo de continuar estudando e aprendendo.
Do encontro de ontem nasceu uma provocação que deu neste "Pronto Pensei" pois li um post elogioso que, no entanto, me pedia mais números e dados. Eu gostaria de explicar para algumas pessoas o meu jeito de lidar com palestras e painéis deste tipo. Eu raramente apresento grande volume de informações de mercado, análise de ferramentas ou disseco metodologias. Eu não considero isso conhecimento de primeiro nível embora goste muito de ver este tipo de palestra também e as considere muito importantes. Mas, para mim, elas "aparecem" depois. As ferramentas e metodologias são necessárias e nos ajudam a comunicar de maneira adequada no sentido do formato. No entanto, você não vai a lugar nenhum - e isso em qualquer situação da sua vida, incluindo a pessoal - se não entendeu o conceito do que está fazendo. Isto está na origem de tudo.
Então, para mim, o mais importante é provocar as pessoas para que elas reflitam sobre o ponto do conhecimento onde estão apoiadas hoje. É urgente e necessário - inclusive com o uso das ferramentas gratuitas que existem na internet -, que nos permitamos absorver conhecimento de "fundo". Ou seja, conhecimento teórico que nos dê base para análises maduras, abalizadas, fortalecidas por um conhecimento que vem sim da academia, dos estudiosos do passado e que ajuda a varrer o "achismo" do nosso mercado.
Um mercado tão novo como a da comunicação digital não pode se deixar levar pela ensandecida corrida do vale tudo. O conhecimento de bases teóricas de comunicação, marketing, antropologia, sociologia e tantas outras ciências que contribuem para o nosso pensamento, é necessidade prioritára de primeiro nível. Não se trata de imaginar que precisamos ser doutores nessas disciplinas (longe disso!). Trata-se de se imaginar um profissional de comunicação que tem a imensa responsabilidade de criar, todo dia, em cada post na sua rede social favorita, a verdaderia história da humanidade. A história que caminha paralela à história oficial. Se isso é verdade, não podemos olhar para nossa atividade com o viés da trivialidade (exceções consideradas - talvez - para as atividades de cunho mais pessoal). Por exemplo: se somos jornalistas - não interessa se com 20 anos de formação ou no segundo período da faculdade- é preciso que sejamos continuamente provocados por esse compromisso: construir nossa dignidade intectual porque ela é a base da nossa credibilidade. E credibilidade é a parte mais bonita do ser humano. É a parte intocável do profissional.
Esse é o motivo que sempre me leva a falar mais de conceito do que de métodos. Estes, são "commodities". Como gente de comunicação, temos que nos preocupar com a perenidade do que escrevemos nas redes. Afinal, como escrevi antes, criamos com nossos "posts" e comentários um cenário do nosso tempo, espelhando nossos desejos, nossas notícias, nossa realidade, nossos sentimentos pelos amigos, nossa ansiedade com os inimigos. Somos, enfim, os atuais contadores de histórias, porta-vozes de nós mesmos e, juntos, um mosaico de toda uma sociedade. Precisamos nos embuir da responsabilidade desse papel e ter consciência do impacto da perenidade do que produzimos nas redes sociais. Sempre pensei isto como jornalista e hoje, no mundo das "social machines", tenho ainda mais convicções sobre o tema. Ferramentas são meio. Conceitos nos dão diferenciação, integridade e responsabilidade com nosso tempo histórico.
domingo, 7 de março de 2010
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No fim é sempre o ser humano. E o meio digital talvez seja hoje o meio mais eficaz pelo qual as pessoas se mostram e se escondem ao mesmo tempo...
ResponderExcluirOi Rizzo,
ResponderExcluirFiz questão de comentar; não somente para elogiar seu post... mas sua postura! Três letrinhas aqui fazem muita diferença...
Quero registrar meu apoio ao seu modo de pensar dizendo que acredito nele (assim como acredito na linha do Simon Sinek - "Start with Why").
Gostaria de ver muito mais gente pensando e agindo assim. Ao invés de sair correndo atrás de cenouras, perguntar-se antes onde quer chegar, porque quer chegar, como quer chegar.
Pessoas que fazem isso resistem às bolhas e obtêm sucesso no longo prazo!
Sucesso a você. Sucesso aos estudiosos. Sucesso aos pensadores. Sucesso aos profissionais que amam o que fazem (e consequentemente, o fazem bem).
como diria o maiacóvski (e ele era futurista, inventor de formas, levou a linguagem cotidiana para a poesia) "é preciso ser mestre da vida". então há que se dedicar, variar, estudar, se virar, mudar, revolucionar. no caso das novas tecnologias, vivemos na prática uma revolução, no sentido de que a História (o comportamento, a emoção, o humano) está vivendo hoje o seu grande marco: o mundo dividido antes e depois da internet e instantaneidade remota do planeta. o que queremos ser quando o mundo crescer? é disso que se trata, afinal, não? valeuvaleu. edson
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